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Alô, políticos: é um meteoro...

A tempestade dos protestos de 2013, no Brasil, iniciou mesmo em Porto Alegre, na primavera de 2012, em setembro, com a destruição do boneco da Copa, acompanhado de apedrejamento e tentativa de colocar fogo na prefeitura da capital de todos os gaúchos.

Ninguém entendia aquela explosão de violência. Talvez não entendamos ainda…

À época já tínhamos o Whatsapp, Facebook e Instagram, ferramentas não tão potentes dois pares de anos antes, na campanha do Obama – o rei das redes sociais – que ocupou este espaço com uma vitória histórica usando o YouTube (que está crescendo) e o velho e resistente email.

“Era” o início da “Era Digital”, mudando a forma de se comunicar, relacionar, comportar, acabando com o monopólio ditatorial da mídia tradicional, quando só o emissor de notícias falava sem preocupar-se com a audiência.

Hoje, não só a mídia é questionada, dissecada, “retalhada”.

Todas as outras instituições, também. A fila anda…

“Não acredite em alguém com mais de 30” era um bordão do final do milênio passado.

Hoje, ninguém com CPF ou CNPJ está a salvo das “pedradas virtuais” e, até mesmo, do linchamento de sua reputação sem direito à defesa prévia, independente da idade ou dos bons serviços que já tenha prestado.

Na Era Digital, o passado está enterrado; o que vale é o agora e os segundos a seguir. Claro que, o que “nos” norteia é “minha” visão, a “minha” verdade, falar o que “cai bem” para os grupos com os quais “me” identifico, a defesa das bandeiras que “me” movem.

Sem paciência para exercer o diálogo e discutir de forma propositiva, preferimos viver na bolha que escolhemos e onde não somos questionados. Tempos difíceis!

Frutos da antiga ordem (a nova está sendo escrita, ou digitada), os partidos políticos tradicionais não conseguem ter relevância nessa nova era.

Nunca se prepararam para dialogar, ouvir, receber e encaminhar sugestões para a construção do tal “mundo melhor”, sempre postergado para depois das eleições. 

Esses partidos olham para o firmamento em chamas, sem entender por que mais e mais meteoros da inclusão digital minam os espaços onde só eles reinavam.

Esses meteoros virtuais destroem todas as antigas estruturas de representação. Mas, os partidos continuam com suas enferrujadas estruturas verticais e rígidas. Feudos de quem conseguiu “dominar a máquina”, onde não há “respiradores” que garantam a oxigenação partidária, que deveria vir com a renovação de quadros, a partir do ingresso de jovens, mulheres, minorias.

Difícil se reinventar, claro. Mais ainda quando a mudança pode representar perdas de poder, espaços, cargos… 

A boca torta do cachimbo da política, também dificulta o entendimento de que não mudar pode significar a auto extinção.

Enquanto definham, cada vez mais rapidamente e mais saudosos dos votos de outrora, os antigos partidos se apegam ao DNA das avestruzes, preferindo esconder a cabeça no buraco do tempo, rezando para o pesadelo passar, perdendo a oportunidade de correr e se reinventar em busca da sobrevivência e da evolução.

Ninguém sabe o fim deste tsunami da pandemia que expõe ainda mais a fragilidade e despreparo da política no mundo inteiro.

Nossa geração ficará marcada por nosso despreparo para enfrentar a tragédia desta pandemia anunciada e pela falta de habilidade dos nossos líderes em prevenir e remediar as dificuldades que estamos vivendo e as que viveremos quando a tempestade passar.

Se tivessem representatividade, projetos, prática de discussões internas para a construção do futuro das nações, que sonham representar, os partidos justificariam sua existência. Estariam catalisando ações que nos levassem a encontrar as melhores e mais rápidas saídas para a crise em andamento, certamente mais inteligentes e produtivas que só os mantras “confinamento total” ou “liberação sem restrições”.

Enquanto a política não se libera do DNA da avestruz, seguimos torcendo para que, as lideranças e todos nós, encontremos sabedoria e serenidade para superar as imensas dificuldades deste novo tempo, cujos limites, desconhecemos.