O início da Era Digital nos levou a sonhar com um novo mundo de oportunidades. Em menos de três meses, o mutante coronavírus nos fez “voltar à terra”, forçando a reflexão sobre a fragilidade da nossa existência, reacendendo temores medievais de pestes que não respeitavam fronteiras e – que ousadia! – nem classes sociais.

As transformações da Era Digital e os temores do início deste ano sombrio, garantem que as eleições deste ano – que devem acontecer, sim – não serão como as de 2018, ano das grandes surpresas e de desespero e encolhimento dos grandes partidos.

Ainda com dúvidas pendentes sobre as razões que levaram às manifestações no Brasil em 2013 e as recentes convulsões sociais em países vizinhos como o Chile, Bolívia e Equador, no ano passado, o novo e intenso terremoto gerado pela pandemia do COVID-19 embaralha as cartas e nos confunde de novo. O invisível Coronavírus chega mudando os parâmetros do comportamento e da vida da sociedade brasileira em todos os sentidos: locomoção, trabalho, alimentação e relações sociais.

Com esta drástica alteração de prioridades na vida dos brasileiros, a política aparenta estar deslocada para posição periférica em nossas prioridades.

Mas é justamente o contrário: este momento de reclusão domiciliar e discussão de agenda única envolvendo nossa sobrevivência, finalmente está trazendo a discussão das políticas públicas de saúde e o questionamento da qualidade da gestão dos nossos governantes. A crescente decepção com a política está associada à má qualidade da prestação dos serviços públicos e às promessas inconsequentes, nem sempre honradas, nos mandatos.

Para um correto posicionamento no tabuleiro das eleições 2020, mantidas no prazo atual ou adiadas, os políticos têm pouco tempo para sintonizar seus discursos e ações às novas e claras demandas populares por serviços de qualidade, tudo acompanhado em tempo real. Com este novo cenário confuso e participativo como nunca, discutido online, com nervos à flor da pele, a campanha, já começou.